Ao ritmo das emoções

Assim respiramos

Assim retemos a nossa respiração

Respirando como sentimos

E parando de o fazer

Quando acaba a imaginação

Porque o ar

É o que sentimos

E ao mesmo tempo

É também a nossa imaginação

Que alimenta o cérebro

E faz bater

O nosso coração

Por isso vivemos em diferentes ritmos

A velocidade das emoções

A que um médico que consultei

Chamou “arritmia”

E me deu uns comprimidos para a tratar

Mas eu recusei

Tanto o diagnóstico

Como o seu tratamento

Porque sei que ele estava errado

Apesar dele me ter visto

Com toda a sua atenção

Ele estava errado

Porque um médico

Por muito que tenha estudado

Nada pode fazer por nós

Enquanto não souber

A génese

A profundidade

De uma emoção

E é ao ritmo

Da respiração

Que também costumo sonhar

Sonhos à antiga

Onde nada está feito

Tudo é preciso criar

Onde o virtual não existe

E por isso

Só te vejo

E sinto

Nas minhas recordações

Ou quando fecho

Ou abro os olhos

Porque é contigo

E apenas contigo

Que costumo sonhar

Porque vivo

E viverei

Até a última luz do sol

Ou da sala se apagar

Vivo

Com o meu maior dom

E também a minha pior das maldições

Vivo

Ao ritmo das emoções

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 21/09/2018
Reeditado em 21/09/2018
Código do texto: T6455288
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