Ao ritmo das emoções
Assim respiramos
Assim retemos a nossa respiração
Respirando como sentimos
E parando de o fazer
Quando acaba a imaginação
Porque o ar
É o que sentimos
E ao mesmo tempo
É também a nossa imaginação
Que alimenta o cérebro
E faz bater
O nosso coração
Por isso vivemos em diferentes ritmos
A velocidade das emoções
A que um médico que consultei
Chamou “arritmia”
E me deu uns comprimidos para a tratar
Mas eu recusei
Tanto o diagnóstico
Como o seu tratamento
Porque sei que ele estava errado
Apesar dele me ter visto
Com toda a sua atenção
Ele estava errado
Porque um médico
Por muito que tenha estudado
Nada pode fazer por nós
Enquanto não souber
A génese
A profundidade
De uma emoção
E é ao ritmo
Da respiração
Que também costumo sonhar
Sonhos à antiga
Onde nada está feito
Tudo é preciso criar
Onde o virtual não existe
E por isso
Só te vejo
E sinto
Nas minhas recordações
Ou quando fecho
Ou abro os olhos
Porque é contigo
E apenas contigo
Que costumo sonhar
Porque vivo
E viverei
Até a última luz do sol
Ou da sala se apagar
Vivo
Com o meu maior dom
E também a minha pior das maldições
Vivo
Ao ritmo das emoções