Era a meio caminho de nada
O sítio
Que escolhemos para habitar
Uma Terra de ninguém
Onde ninguém aguentava estar
E por isso
Lá
Ninguém nos podia separar
Era a meio caminho de nada
O nosso canto
A nossa estrada
Onde existíamos apenas nós
E as nossas palavras
As nossas alegrias
As nossas lágrimas
Que eram
De igual forma amadas
Por serem nossas
E por serem por nós partilhadas
Era a meio caminho de nada
Onde criámos a utopia
Do vazio
Que o podia ser também
Se fosse preenchido
Apenas por dois átomos
Que lá se encontraram
Para lá se sentiram atraídos
E nunca mais se iriam separar
Apenas no dia
Não em que a física o determinasse
Mas a química
Que havia entre nós
A mesma química
Que nos ensinou
Que juntos nunca nos sentiríamos sós
Até ao dia
Em que esse vazio
Estar tão preenchido
Que seja impossível
Estares comigo
No dia
Em que passarei de Amor
Ao teu pior inimigo
O dia
Em que a nossa casa
Não será mais do que uma trincheira
A meio caminho de nada