Era a meio caminho de nada

O sítio

Que escolhemos para habitar

Uma Terra de ninguém

Onde ninguém aguentava estar

E por isso

Ninguém nos podia separar

Era a meio caminho de nada

O nosso canto

A nossa estrada

Onde existíamos apenas nós

E as nossas palavras

As nossas alegrias

As nossas lágrimas

Que eram

De igual forma amadas

Por serem nossas

E por serem por nós partilhadas

Era a meio caminho de nada

Onde criámos a utopia

Do vazio

Que o podia ser também

Se fosse preenchido

Apenas por dois átomos

Que lá se encontraram

Para lá se sentiram atraídos

E nunca mais se iriam separar

Apenas no dia

Não em que a física o determinasse

Mas a química

Que havia entre nós

A mesma química

Que nos ensinou

Que juntos nunca nos sentiríamos sós

Até ao dia

Em que esse vazio

Estar tão preenchido

Que seja impossível

Estares comigo

No dia

Em que passarei de Amor

Ao teu pior inimigo

O dia

Em que a nossa casa

Não será mais do que uma trincheira

A meio caminho de nada

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/08/2018
Código do texto: T6423642
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