CONVICÇÃO
 

De tanta convicção
fechou-se para a razão.
Isentou-se de compreender
a verdade em cada ação,
preferiu ditar sem distinção.
 
De tanta convicção
tornou se invicto
de compreensão
enclausurou-se  no
castelo das ilusões
das certezas absolutas
que não admitem objeções.

Apegou-se às ideias
não esvaziou-se de si mesmo
para dar abrigo ao diálogo. 
tornou o outro inglório
sem direito a contraditório.

Fusionou poder, saber e querer.
Esqueceu -se de apascentar
aceitar e respeitar,
ignorou a chance de aprender
e na empatia mudar seus "porquês".



Convicção contra convicção
briga de bazuca e canhão
todos querendo ter razão,
deixam o mundo mais "Cão"
causando desunião e
destruindo relações.
 
Nessas condições, o amor não flui.
É morte certa, concreta,
nada vive neste deserto da convicção
nem a familia,
nem o futebol,
nem a política,
nem o amor
nem a ciência
nem a religião.
Mata-se tudo
Mata-se a nação 
quando não se aceita outra opinião.

Por pura convicção 
não aceita contra - argumentação
é sim  ou não, em qualquer situação,
pois o outro, de antemão, não tem razão.


E, se ninguém abrir a porta
da convicção intacta, que mata, 
maltrata, distorce e sufoca,
a verdade absoluta,
em muros fica envolta, e resoluta
destrói amores e vidas.
Dois convictos são ilhas supostas,
fechados sem portas.
 

Já não há vida
Não há amigos
Não há flores
Não há amores
Não há irmão
Não há nação
Não há mais "não"
Não há mais "sim"
É chegado o fim
Não há mais nada.
O mudo deixa de existir
Mas, a convicção fica!


Obrigada pela participação do meu querido amigo Trovador das Alterosas.

CISMA

 
Efêmera é a procura
se não há convicção.
Fecha-se na loucura
numa vereda escura
Nas notas da canção. 
 
Convicto de que afinal
menos que a vírgula
sem ser um ponto final
da história de Calígula.

Melhor talvez o eremita
fugir da cadeia formal,
viver só a sua desdita
Na sua caverna do mal.
Viver só sua certeza
sendo mera reticência
do que foi a grandeza
 numa vida de beleza
findando a existência. 

Viva a sua passada glória          
e contenha todo este afã,
a Paloma não é simplória
quer voar como arribaçã.
Não seja final da história
de Calígula com sua irmã.


Convicta ela quer voar,    
de paz não há proposta
e não sabe onde pousar.
Pelo tanto que se gosta
desista de fazer aposta
 Deixe a Paloma planar.                               
 
Amor não requer retorno
é doar-se sem condição,
é nunca causar transtorno
impondo a sua convicção.
Aceite do outro o seu viver
esporte, a crença e paixão,
na caverna com seu querer
não causará mal sua ilusão
e a Paloma nunca vai saber  
o que sente seu coração.

Convicção ou aspiração
quem plantou o canteiro,
a semente da indecisão
na alma do velho guerreiro?

Abrir a porta sem a chave                     
trancada dentro do cofre,
a bola sempre bate na trave
com sua verdade ele sofre
na poesia suave ou ousada
este poema fica inacabado
carcará ferido, Paloma amada,             
Portão do céu ainda fechado.                    
 
Haverá vida, espera,
quem sabe novos valores
pode ser que a primavera
traga novos amores?
há melodia na canção,
há perfume nas flores
ainda existe a convicção
que pode superar enfim
terá resposta ao porque
de ter acontecido assim
desta maneira que vê
o guerreiro chega ao fim
mas ainda deseja você.