TARDES DE VERÃO

Na mesa de bar

Bebendo uma cerveja e jogando conversa fora

A vida costumava ser mais fácil

Eram mais encontros e sorrisos

Nossos pensamentos vagavam

Constantemente e sem limites

Sem qualquer aviso

O soar do sino da divisão começou

De início não percebemos

Mas as pessoas foram saindo

Um a um num novo caminho

Mas nós sempre fomos sólidos

Pessoas vem e vão disse certo alguém

Ao longo da grande estrada

O sol era mais quente nas tardes de verão

E os sorrisos mais radiantes

Rodeado por amigos

Naqueles dias maravilhosos

Olhando as fotografias de anos atrás

Um relance de quão verde era o nosso jardim

Não queríamos mais nada

Não precisávamos de mais nada

Arrastados pela força de alguma maré interior

Fomos regredindo e regrindo e por fim nos afastamos

Não seguimos mais um sonho

Não seguimos mais uma canção

Creio que alcansamos, sem perceber, às rarefeitas alturas

Daquele lugar tão sonhado

E por fim despencamos

Sobrecarregados de egos e ambição

Mas ainda há uma fome não saciada

Em nossos olhos cansados

Nosso olhar ainda se perde no horizonte

Nosso coração ainda retumba em alguma canção

O céu era mais azul

A lua era mais brilhante

E a vida era maravilhosa

Rodeado de amigos

A fria névoa desse amanhecer

Não condiz com a água que corre nesse rio sem fim

Para sempre

Para sempre