FALSO AMIGO
Um falso amigo me sorriu,
também sorri, desconfiado.
Então me mandou flores,
devolvi, de imediato.
Por fim estendeu-me a mão,
apertei, sou educado!
O falso amigo me disse,
Palavras mui lisonjeiras...
Que em mim não há velhice
nem em meu rosto olheiras
Que os meus pés-de-galinha
Combinam com minha roupa.
E minha cútis branquinha,
É moda lá na Europa!
Que gosta da minha voz,
quando imito a seriema
Maldoso, o meu algoz,
Sorria tal qual hiena.
Mas o fazia escondido,
Como todo falso amigo.
Malgrado, minha boa-fé
Tripudiava comigo.
E quando me conquistou
e me entreguei desarmado
Me trouxe desassossego,
Pois o meu coração roubado,
vendeu no mercado-negro!
Mas fiz de caso pensado.
Fui esperto nessa hora.
Dei um coração de pedra,
E o coração do larápio,
trago aqui, nessa sacola!