CONTATOS URBANOS
Em caso de emergência,
puxe alguma conversa.
Quebre o vidro,
caso isso signifique diálogo imediato.
Fale ao motorista somente o impensável.
Esclareça que se a vida é passageira,
viver é acionar alarmes,
tremular bandeiras,
emitir sinais luminosos
em semáforos de cores nítidas, próximas,
verdes.
Portanto, eu tremulo as bandeiras,
aciono os alarmes,
sinalizo para o meu débil coração,
e exponho-me
a um acidente rodoviário,
atropelamento fatal,
forma de comunicação possível
através do competente B.O.
Brado Obsceno
fora da faixa para pedestres.
De Paulo Fontenelle de Araujo
Do livro "Borboletas noturnas não existem"