Sobre o tempo - Jogo do tempo

Hoje eu não quero fazer mais nada, a não ser olhar o tempo.

E já faço muito, pois é tarefa por demais árdua.

Entro num jogo que quase sempre perco.

Olhar o tempo requer pensar no que foi, no que é e como será.

Ufa!

Só de pensar canso.

Mas não desisto.

O não fazer nada é um engano, embaralhamento das ideias.

Eu sei, mas quero jogar.

O tempo se mistura, o que foi, parece ainda ser e talvez nunca será.

Não, não e não.

Não quero pensar e por isso fico só a olhar o tempo.

Penso não fazer nada, mas faço.

Penso, é isso!

Como esvaziar a mente se penso?

No foi, no é, no agora?.

Mas tudo é hoje, fagulha de tempo, quando se vê, veio e foi.

Então apenas é e fico a olhar o tempo, enquanto não faço nada.

Estou enganando a quem? A mim talvez.

Só não engano o tempo, que no meio do nada, neste jogo, me lembra o que fiz, quem eu sou e como gostaria que fosse.

Nessa de não fazer nada, acabo fazendo mais do que deveria.

Jogo com o tempo e ele quase sempre ganha, pois tem nas mãos o que foi, o que é e como será.

Nessa de olhar o tempo, entro em um jogo de cartas marcadas em que tenho a meu favor apenas o fator surpresa.

Algumas vezes ganho, em muitas perco, mas continuo.

E eu que não queria fazer nada e só olhar o tempo ?!