Nas mãos da palavra, cá estamos
Nosso elo, imenso corpo - PALAVRA,
nos incorpora no mundo, no estado latente das coisas.
Melhor,
nos altera, etéreos, a buscar alguma significação para o mundo que somos e temos.
Na passagem voraz dos anos a nossa poesia já tem até uns cabelos brancos, umas rimas mais ranzinzas, um jeito ainda mais abstrato de nos conectar aos nossos laços.
Um jeito mudamente profundo de perceber o outro.
Tão engendrada é a palavra ao nosso encontro que,
por vezes,
no enlace da minha e da tua mão,
é possível sentir seus dedos nodosos a firmar os nossos.
Assim,
vida afora,
vamos dando de comer a esse imenso animal em nós.
A essa fábula que é existir.
Tateando no escuro
tudo aquilo que nos compõe
e nos permite ir lado a lado.
No trago,
no gole,
no grito,
~ no trecho declamado em meio ao trago-gole-grito ~
no silêncio prolongado,
estendido,
escancarado,
na aversão ao mundo, as etiquetas, a carência humana,
na preguiça infinda que a vida provoca...
Vamos juntos!
Braços e almas no encalço do amor e da palavra!
- Pequena anedota sobre você...
que não consegue mais fumar um cigarro porque o nome é outro.
Não foi o nome,
foi a palavra que não desceu.
A palavra que não soou bem.
que veio mais que estrangeira
e ficou atravessada no seu corpo.
E de tão atravessada
nem fumaça acha lugar.
Me diga
se isso não é palavra enraizada!?
Isso é ter a semente sonora da beleza enfiada bem nos poros...
É ter a nascente poética querendo explodir os ossos ...
Mas nada voa pelos ares, porque é de implosão que você se engrandece