A saudade, um bem que machuca
A saudade foi entrando em meu peito
sem pedir licença e nele quis alojar
e nem mesmo me disse que tinha o direito
de ali por muito tempo querer nele morar.
Saudade que veio lá da infância
idade que eu só pensava em viver
correndo pelos campos de uma bela instância
que nas suas verdejantes pradarias vivia a correr.
Saudade de uma promissora juventude
onde a luta por dias melhores me feriu
e se eu não me enchesse de grandiosa atitude
só me lembraria hoje de um jovem que faliu.
Saudade daquela vigorosa e boa mocidade
onde se vive no vento ao Deus nos dará
imaginando que a almejada felicidade
vem de graça sem ser preciso a ela buscar.
Saudade de um homem já bem feito
muito feliz por tudo na vida ter vencido
e embora tenha em seu corpo muito defeito
aquilo que a custo conseguiu foi bem merecido.
Saudade de agora já não mais te ter
pois já curto aqui uma idade bem avançada
e hoje eu te agradeço por me ensinar a viver
saia desse coração onde até agora você fez sua morada.
Oh! saudade, me lembrarei de você com carinho
mas agora eu preciso do meu coração livre
é que tudo aquilo que angariei pelo meu caminho
irei guardar nesse coração com o apreço que sempre tive.
Se você as vezes é um bem que machuca
é também um sentimento encantador
pode até parecer uma ideia maluca
essa minha de lhe tratar com respeito e amor.