A Minha teoria da conspiração
Deixei o teclado de lado
E comecei a escrever-te
À moda antiga
De caneta
À mão
Não por mania
Mas devido à minha
Teoria da conspiração
São palavras banais
As minhas de sempre
Onde te digo
O que gostas de ouvir
Mas que tenho receio de te dizer
E por isso
Só escrevendo
Essas palavras podem nascer
Porque assim?
Porque desde os nossos primeiros tempos
Que descobri bloquear
Quando o que sinto por Ti
Quero revelar
E para podermos continuar
Para que a nossa história pudesse ser actual
E o futuro
E não apenas mais uma história perdida no passado
Descobri esta maneira
De não te dizendo as coisas
Te ir revelando
Fazendo assim com que continuássemos lado a lado
E foi assim
Por cartas enviadas
Para a minha própria casa
Que ela continuou a ser dos dois
Foi assim que tu lias as minhas palavras
Que tanto te encantavam
Escritas
Sobre a tua secretária
Até surgir a auto-estrada da informação
Por onde passei a andar
Enviando-te as palavras
Mais depressa
E sem que mais uma árvore fosse matar
Foi assim
Até ter visto demasiados filmes
Ou programas de informação
Onde alguns polícias desertores
Revelaram ao mundo
Que a auto-estrada
Estava inquinada
Tinha uma forma estranha de poluição
Olhos
Que viam todas as palavras
Quer menores
Quer maiores
Quer certas
Quer erradas
Os olhos liam tudo
Até as nossas
Do que nós tínhamos
A coisa mais sagrada
Liam
Por mania
Por doença
Ou se calhar
Porque não admitiam
Que alguém falasse
Sem que não o pudessem escutar
Violando assim
Não as palavras
Mas as nossas almas
Porque o que era só nosso
Até a vírgula mais íntima
Era vigiada
Isto é tão absurdo
Que só pode ser mentira
Mas decidi não arriscar
Preferindo
Dar emprego a mais um lenhador
E ao mesmo tempo dar cabo de mais um hectare
De floresta
Para que as palavras
Continuassem nossas
E quando leres esta carta
Ao mesmo tempo vais-te arrepiar
E rir
Por esta estranha visão
Do nosso mundo
E vais pensar
Se tudo isto é real
Ou se não passa da
Minha teoria da conspiração