Sonhos
Quando começámos a sonhar…:
Em nome de tudo
Decidimos
Mudar o mundo
Mas depois, quando os sonhos começaram a não serem alcançados…:
Em nome de um Deus ébrio fizemos a guerra
Em nome de um Deus bom fizemos a paz
Em nome de nós
Semeámos a Terra
Depois de a termos lavado das cinzas
Das bombas que tínhamos plantado
No momento
Em que os nossos sonhos foram abandonados
Em nome dos que viriam
Construímos o presente
Esquecendo o passado
Onde os nossos sonhos
Tínhamos para sempre sepultado
Debaixo de tanta tristeza
Tanto amargura
Tanto cinismo
Que mesmo que quiséssemos
Esses sonhos eram impossíveis ressuscitar
E por isso
Depois de assentar
A poeira venenosa
Dos bombardeamentos
Para o ar limpar
Novos sonhos
Tratámos de arranjar
Sonhos que vos iriam guiar
Depois do último de nós
Tombar
Sonhos que vos iriam ensinar a errar
De uma outra maneira
Menos daninha
Menos certeira
Uma forma de errar
Que era uma maneira de aprender
E não de nos vingarmos
De nós próprios
Quando percebemos que os sonhos tinham falhado…