Poema sinistro

Entristecido

Com algo

Por Ti feito

Por Ti

Dito

Quis escrever-te algo

Feio

E nada

Ou quase nada bonito

E o que te escrevi?

Escrevi-te isto

Este

Poema sinistro

Evocando a parte das nossas memórias

Não que me faziam sonhar

Mas antes

Aquelas que me costumavam assombrar

Para de Ti

Melhor me vingar

Mas quando o tentei

Só das boas

Me consegui recordar

Ainda ferido

Mas não derrotado

Peguei em palavras do presente

Para tas arremessar

Fazendo de Ti alvo

Mas…

Passaram horas

E as palavras de fel

Teimavam em aparecer

E em vez delas

Apenas me ocorriam

Palavras de enternecer

Por isso

Vou-me deixar de tretas

Passando aos actos

Dizendo

Com todas as minhas palavras

Que te amo

De facto

E não de uma forma ocasional

Que te quero

Até ao momento final

O momento mortal

Em que descobrir

Que quer as minhas

Quer as tuas palavras

Só nos podem fazer mal

E que nas belas palavras

Já não acredito

Sendo por isso

Que até esse momento

Me sairá sempre assim

Por muito que o tente reescrever

O meu

Poema sinistro

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 25/08/2016
Reeditado em 25/08/2016
Código do texto: T5739717
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