Na tua melancolia
Enquanto fumavas um cigarro
Repetias
“ Do que me tinhas prometido
Eu sei
Que nada concretizarias”
E assim continuaste
Dias a fio mergulhada
Na tua melancolia
E os dias
Transformaram-se em anos
Sabendo
Que por muito que fizesse
Tu o esquecerias
Lá longe
Bem dentro de Ti
Na tua melancolia
Porque quando a magia acontecia
A isso chamavas bruxaria
Quando o sol brilhava
Continuavas a lamentar-te
Porque nos intervalos do sol
Chovia
Porque para Ti
Nada mais existia
Senão o mundo
Visto
Na tua melancolia
Por isso
Estando à tua frente
Eu sabia
Que Tu
Não me verias
Por muito que dissesse
Tu
Não me escutarias
Por muito que fizesse
Tu
Me ignorarias
E foi por causa disto
Que decidi fazer-te companhia
Da única forma
Que o sentirias:
Sentando-me ao teu lado a fumar
Enquanto o nada
À minha frente consumia o tempo a observar
Não falando
Não agindo
E apenas o acto de respirar
Eu repetia
Ficando não apenas Tu
Mas os dois
Prisioneiros do tempo
Na tua melancolia