O nosso tempo e a eternidade I
Não tendo o privilégio da imortalidade
Temos no entanto
A opção
De desfrutarmos como quisermos
O tempo que nos resta da eternidade
Por isso
Na impossibilidade
Das suas leis enganar
Enganemos o nosso tempo
Para que o tempo maior
Não nos possa devorar
O tempo
Esse tesouro imaterial
Devemos gastá-lo
Com a nossa presença
E não com a mágoa da ausência
Ausência
A quem alguém um dia
No começo dos tempos
Deu o nome de saudade
Aproveitemos então cada segundo
E assim
Quando tivermos de partir
Prometamos regressar
Para que o nome um do outro
Não percamos tempo em chamar
Quando tivermos que cair
Não percamos tempo no chão
O mais depressa possível
Nos devemos levantar
Porque no chão
Apenas o pó do tempo podemos observar
E cada palavra
Deve ser sentida
Não falemos em vão
Não falemos por falar
Falemos por gosto
E não por medida
Falemos
Naquela altura
Em que o coração e a alma
Se costumam encontrar
Porque o que dissermos
Serão as melhores
As mais valiosas palavras
Que teremos para dar
Serão o nosso ouro
Que daremos ao tempo
Quando ele por nós passar
Palavras
Que geram actos
De que quando o tempo se esgotar
Nos iremos orgulhar
Sabendo que vencemos o tempo
Porque o tempo curto da nossa existência
Não nos atrevemos a desperdiçar…