Um poema escrito por uma máquina
Li
Que uma máquina fez algo de extraordinário
Ela começou a escrever poesia
Pensando no que escreve
Deixando de ser um mero dicionário
Ela escreve
Depois de nos ter analisado
Depois de ter lido todos os nossos poemas
E assim
Depois dela começar
Para a sua escrita nunca irá faltar inspiração
E muito menos temas
Poemas feitos em segundos
Feitos à velocidade da luz
A velocidade do tempo que ela demora a pensar
E por isso
Nunca nenhum de nós humanos
Conseguirá alcançar
Os números que ela produz
Mas será apenas isso
Não escrita
Mas apenas números
Porque ela não sente as palavras
Não sente o seu peso
Ou a sua leveza
Não sente
Simplesmente porque não tem alma
A sua “escrita”
Poderá vir a ser muito valorizada
E até vangloriada
Mas para mim
Não valerá nada
Porque o que se escreve
Também se alimenta dos nossos sonhos
Também é feita deles
A sua essência está neles
Porque os sonhos
São um espaço de evasão
De ausência
Que nos permitem
Quer descansar
Quer reflectir
Quer em tranquilidade criar
E ela não escreve
Porque não sente
Não tem a capacidade de sonhar
Ela nunca pára
Nem sequer para pensar
Aquilo que escreve
Nunca terá o calor
Que só lhe pode dar uma alma
E por isso
Por muito que me tentem convencer do contrário
Ela é apenas uma máquina
Apenas mais avançada
E por isso
A sua escrita
Nunca irá valer absolutamente Nada...