À SEGUNDA QUEDA...
Ontem por acaso tropecei nos pés de um ser humano,
joelho sob as mãos, sentado ao chão de uma calçada.
ao som da chuva, com fome e suja, enquanto chorava,
Pensei: que dó, mereceria talvez só mais um ano...
Mas, era noite fria e sua alma ardia com tanta ferida.
Decidi voltar pois, naquele olhar, havia alguém clamando,
Dizia-se anjo que teve a asa arrancada enquanto estava voando,
Mas, só vi uma mulher de cabeça raspada, olho roxo e a vida perdida.
Dei-lhe a mão, arranquei-a do chão e a coloquei no colo,
Enquanto se curava rogou à deus que jamais seria aquele troço!
Ouvi que foi despedaçada, ameaçada e xingada por quem a amou...
Hoje com asa crescida, livre do pânico e das dores da vida,
Ignorou sinais de seu deus, nos agradeceu e como despedida,
Voou livre e desimpedida para os braços de quem lhe espancou.