Buraco negro
É onde estás
É onde está
Hoje a nossa memória
Comum
Pois quando te vejo
Quando vejo os reflexos do nosso passado
As nossas imagens
Guardadas não dentro de mim
Mas fora
De uma forma tecnológica
Vejo
Mas já não sinto a nossa história
Buraco negro
O local
Para onde partiste
Quando partiste
O que me fazia preservar-te
O coração
E por isso
Quando te foste embora
Para te sobreviver
Tive que te por de parte
E quem lê sobre a matéria
Sabe que um Buraco
Deste tipo
Desta natureza
Atrai para si
Tudo
Desde o acessório
Ao que vale a pena
Atrai a matéria
Atrai a luz
Atrai o tempo
Atraindo assim
A própria memória
Retirando tal do espaço
Onde poderia ser visto
E evocado
Talvez por isso
O nosso tempo comum
Já não tenha para mim qualquer significado
É um tempo distante
Passado
Que é impossível regressar
Porque quando se entra num
Buraco negro
Entra-se
Para dele nunca mais voltar...