Pontes

(continuação do poema UNIÃO)

Reconstruímos pontes

Depois

De as termos deixado desabar

Por incúria

Ou de maneira intencional

Julgando

Com medo

Que elas eram um modo de invasão

E não

Uma forma

De nos tornarmos mais fortes

Um caminho

Para nos sentirmos

Menos sozinhos

Mais completos

Menos vazios

Por isso

Quando as feridas doíam mais

Não cavámos trincheiras para nos proteger

Erguemo-nos destas

Para o outro lado podermos ver

Percebendo

Que uma guerra

Só a dois lugares podem levar:

À aniquilação

E ao nosso lado mais sombrio

E sem as pontes que destruímos

É impossível esses lugares abandonar

Um absurdo

Porque nós humanos

Temos tantas pontes

Que quase é impossível as contar

Pontes nos gestos que fazemos

No nosso olhar

Naquilo que dizemos

Mas para as usar

É necessário

Que deixemos morrer o nosso medo

Ou o orgulho

Que teima em o proteger

Porque sem ambos

Não conseguimos pontes erguer...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 12/01/2016
Reeditado em 12/01/2016
Código do texto: T5508461
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