Pontes
(continuação do poema UNIÃO)
Reconstruímos pontes
Depois
De as termos deixado desabar
Por incúria
Ou de maneira intencional
Julgando
Com medo
Que elas eram um modo de invasão
E não
Uma forma
De nos tornarmos mais fortes
Um caminho
Para nos sentirmos
Menos sozinhos
Mais completos
Menos vazios
Por isso
Quando as feridas doíam mais
Não cavámos trincheiras para nos proteger
Erguemo-nos destas
Para o outro lado podermos ver
Percebendo
Que uma guerra
Só a dois lugares podem levar:
À aniquilação
E ao nosso lado mais sombrio
E sem as pontes que destruímos
É impossível esses lugares abandonar
Um absurdo
Porque nós humanos
Temos tantas pontes
Que quase é impossível as contar
Pontes nos gestos que fazemos
No nosso olhar
Naquilo que dizemos
Mas para as usar
É necessário
Que deixemos morrer o nosso medo
Ou o orgulho
Que teima em o proteger
Porque sem ambos
Não conseguimos pontes erguer...