Como um Deus...

Passeando pela brisa da madrugada

Que sentindo ter criado tudo

No final

Quando tudo já estava criado

Ele ficou sem nada

A contemplar

Os frutos da sua imaginação

Mundos

Ou a mais sinistra destruição

Vida

Ou uma enorme solidão

A contemplar o orvalho

Da manhã

Lágrimas afinal

De quem tendo tudo

Acha que tudo nunca é demasiado

Lágrimas

Não orvalho

Lágrimas

Que são a forma dele mostrar

A sua culpa

A sua impotência

Por querendo fazer tudo

Acaba por fazer sempre tudo da mesma maneira

Metáfora do que somos

Do que fomos

Onde uma palavra

Liga o real

Ao figurado

“madrugada”

E a ela está ligada a mágoa

De já não te ter a meu lado

Como um deus

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/01/2016
Código do texto: T5504052
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