Como um Deus...
Passeando pela brisa da madrugada
Que sentindo ter criado tudo
No final
Quando tudo já estava criado
Ele ficou sem nada
A contemplar
Os frutos da sua imaginação
Mundos
Ou a mais sinistra destruição
Vida
Ou uma enorme solidão
A contemplar o orvalho
Da manhã
Lágrimas afinal
De quem tendo tudo
Acha que tudo nunca é demasiado
Lágrimas
Não orvalho
Lágrimas
Que são a forma dele mostrar
A sua culpa
A sua impotência
Por querendo fazer tudo
Acaba por fazer sempre tudo da mesma maneira
Metáfora do que somos
Do que fomos
Onde uma palavra
Liga o real
Ao figurado
“madrugada”
E a ela está ligada a mágoa
De já não te ter a meu lado
Como um deus