À (tua)procura

Do concreto

Do substrato

À procura

Não só das tuas palavras

Mas do teu tacto

Não me satisfazendo com a pele

Só ficando tranquilo

Quando alcançar o teu interior

Sabendo

Que uma das primeiras coisas

Que lá irei encontrar

Será a dor

Sabendo também

Que mais nada és capaz de ver

Em teu redor

Mas não desisto

Até encontrar

O teu ser que amo

Mas que persistes em negar

O ser que não me deixou afogar

Quando lutava contra a tempestade

Que não me deixou desistir

Quando me quiseram calar

O ser que me mostrou a terra

Quando estava perdido no mar

Um ser feito de substância

Numa época em que se faz o culto do vazio

Um ser feito de concreto

Em tempos onde predomina

A inconsistência

Um ser que mesmo assim

Não se esconde

Mostra a sua presença

E sim

Sei que existes

E tu também o saberás

Basta que para isso

Esse ser voltes a encontrar

Quando permitires

Que a ternura

Cubra as tuas feridas

Eu sei que existes

E sei que voltarás

Porque tudo deixará de fazer sentido

Se deixares esse ser naufragar

No mesmo tipo de vagas

Que impediste

Que com elas me pudessem levar

E quando ele vier do limbo

Quero que saibas

Que nunca desisti

E que ainda estou por cá

À espera

Do dia em que esse ser

Ressuscitará

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 01/01/2016
Reeditado em 01/01/2016
Código do texto: T5497330
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