Perdida na máquina

Estás perdida numa máquina

Que eu me esqueci o modo de usar

E por isso mesmo que o queira

Não te consigo ver

Porque é a máquina

E não eu

Que está as tuas recordações a aprisionar

Presa na tecnologia

Que usei

Para os nossos momentos perpetuar

Para as alturas em que estivesses longe

Demasiado longe

No tempo

No espaço

Demasiado longe

Para eu te conseguir ver

E muito menos conseguir escutar

Porque a máquina

Tem o que eras para mim

O que fomos

Dentro de si

Tem imagens

Sons

Tem histórias

Tem o que chegámos a ser

Tem a nossa memória

E por isso

Costumo dizer

Que estás

“Tão longe tão perto”

Mas não te consigo chegar

Estás perdida na máquina

E por isso

Só me resta confiar no analógico

Em detrimento do digital

Só me resta sonhar contigo

Esperando

Que os sonhos não se desgastem

E que muito menos se apaguem

Porque quando sonho

O tempo recua

E te posso voltar a sentir

Espero que os sonhos nunca acabem

Porque no dia em que tal acontecer

Terás deixado de existir…

O conceito, a ideia que deu origem a este poema (fotos “presas” numa máquina que não funciona) foi um episódio da série “Revolution” (2012-2014)

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/12/2015
Código do texto: T5482790
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