Perdida na máquina
Estás perdida numa máquina
Que eu me esqueci o modo de usar
E por isso mesmo que o queira
Não te consigo ver
Porque é a máquina
E não eu
Que está as tuas recordações a aprisionar
Presa na tecnologia
Que usei
Para os nossos momentos perpetuar
Para as alturas em que estivesses longe
Demasiado longe
No tempo
No espaço
Demasiado longe
Para eu te conseguir ver
E muito menos conseguir escutar
Porque a máquina
Tem o que eras para mim
O que fomos
Dentro de si
Tem imagens
Sons
Tem histórias
Tem o que chegámos a ser
Tem a nossa memória
E por isso
Costumo dizer
Que estás
“Tão longe tão perto”
Mas não te consigo chegar
Estás perdida na máquina
E por isso
Só me resta confiar no analógico
Em detrimento do digital
Só me resta sonhar contigo
Esperando
Que os sonhos não se desgastem
E que muito menos se apaguem
Porque quando sonho
O tempo recua
E te posso voltar a sentir
Espero que os sonhos nunca acabem
Porque no dia em que tal acontecer
Terás deixado de existir…
O conceito, a ideia que deu origem a este poema (fotos “presas” numa máquina que não funciona) foi um episódio da série “Revolution” (2012-2014)