Sobreviver
Ao medo
Ao degredo
Ao segredo
Nunca assumido
De ser mais difícil viver
Sem alguém
Que partiu
E no seu lugar
Deixou um buraco
Difícil de preencher
E que por isso
Não pára de doer
Sobreviver
A um fim
Que com o tempo
Pode ser um recomeçar
Mas não pensamos assim
Não conseguimos pensar
Porque tentamos sobreviver
Ao que nos esta a matar
Sobreviver
Para ver
Que ainda há terra
Por onde andar
E mar
Para navegar
Numa altura em que achamos terem acabado as estradas
E secado as águas
Porque as mágoas
São um buraco negro
Que absorvem tudo em seu redor
E até mesmo o tempo e o espaço
Alterando a nossa percepção da realidade
Não nos permitindo perceber
Que tudo continua
Enquanto não deixarmos de respirar
Basta “apenas”
Que saibamos
Sobreviver…