Terra de Ninguém

É o espaço vazio

Que separa duas frentes de guerra

O espaço onde tem lugar a ofensiva

E cá estamos nós

A olhar um para o outro

Em silêncio

Enquanto sublimamos

As nossas feridas

Olhamos

Nada mais fazemos

Mas nem olhar

O deveríamos fazer

Porque enquanto olhamos

Em nada mais

Pensamos

Não pensamos

Em acabar com esse estado

Não pensamos

Que

“Frente”

É para onde deveríamos andar

E não aquela

Onde fixámos o olhar

Tornando este estado de guerra não declarada

Eterno

Um estado que nos está a paralisar

Um estado que tomou conta de nós

De tal forma

Que não permite

Que em mais nada possamos pensar

Não nos deixa perceber

Que devíamos encher essa terra

Com sementes de novos sonhos

Que poderiam substituir os destruídos

Não pensamos

Que apesar de o desejarmos

Morreu o tempo

Em que só desejavas estar aqui

E eu contigo

Porque também deixámos de pensar

Que além daquela terra

Existem mais terras

Para observar

As terras do futuro

Que agora

Neste momento

Não estamos a cultivar

E assim

O futuro com que sonhamos

Nunca irá chegar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/10/2015
Reeditado em 17/10/2015
Código do texto: T5417804
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