Terra de Ninguém
É o espaço vazio
Que separa duas frentes de guerra
O espaço onde tem lugar a ofensiva
E cá estamos nós
A olhar um para o outro
Em silêncio
Enquanto sublimamos
As nossas feridas
Olhamos
Nada mais fazemos
Mas nem olhar
O deveríamos fazer
Porque enquanto olhamos
Em nada mais
Pensamos
Não pensamos
Em acabar com esse estado
Não pensamos
Que
“Frente”
É para onde deveríamos andar
E não aquela
Onde fixámos o olhar
Tornando este estado de guerra não declarada
Eterno
Um estado que nos está a paralisar
Um estado que tomou conta de nós
De tal forma
Que não permite
Que em mais nada possamos pensar
Não nos deixa perceber
Que devíamos encher essa terra
Com sementes de novos sonhos
Que poderiam substituir os destruídos
Não pensamos
Que apesar de o desejarmos
Morreu o tempo
Em que só desejavas estar aqui
E eu contigo
Porque também deixámos de pensar
Que além daquela terra
Existem mais terras
Para observar
As terras do futuro
Que agora
Neste momento
Não estamos a cultivar
E assim
O futuro com que sonhamos
Nunca irá chegar…