Contigo na infância

Pedi pra Deus cuidar dos passos seus

E eu descuidava dos meus,

Pra te guardar enquanto não pudesse estar ali

E, no entanto, insistia mesmo em partir

Pra um lugar onde só eu pudesse existir.

Percebi que era só contigo que meu riso tinha graça.

Você sempre na minha cola e eu te ignorava,

Você da escola foi embora e eu entrei agora.

Eu ando tropeçando, feito mesmo uma palhaça.

Lembrei da nossa velha eternidade de se ser criança,

Daquela tal cumplicidade de quem viveu a infância,

Das carambolas da vizinha com jeito de vó,

Das horas vagas tão vazias quando estava só.

Você estava mais cá que lá e eu assim também,

Eu inventava coisa nova, só você, mais ninguém

Criava cada ideia doida e eu seguia sim.

Você me achava meio estranha por ser tão normal,

Eu te achava meio chato por ser tão legal.

“Vocês dois fácil se estranham”.

“Não faz mal se a gente se arranha”.

“Vocês são feito rato e gato!”

“Não somos rivais, somos irmãos de outros pais,

Diferentes e também iguais”.

Quando eu adoceia, corria só pra me ver,

Eu captei sua maluquice e transformei na minha.

Pedi pra Deus cuidar dos passos seus

E eu descuidava dos meus,

Pra te guardar enquanto não pudesse estar ali

E, no entanto, insistia mesmo em partir

Pra um lugar onde só eu pudesse existir.

E quando eu tentei lembrar da nossa história,

O tempo fez o que faz de melhor:

Esquecer tua imagem da minha memória.

Desculpe, meu amigo, por amar você,

Desculpe, meu amigo, por amar você,

Desculpe, meu amigo, por amar você,

Só depois de te esquecer.

Anna Julia Dannala
Enviado por Anna Julia Dannala em 25/09/2015
Código do texto: T5394076
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