Sinto-me (ainda mais) Humano
Aos refugiados da Síria, Iraque, Afeganistão que nestes dias tentam chegar à Europa
Não quando sangro
Mas quando vejo alguém sangrar
Sem que esse sangue
Possa estancar
Não quando vejo muros
E cercas de arame farpado
Sinto-me Humano
Quando essas barreiras
“Protegem” as nossas fronteiras
E impedem que quem sofre
Possa estar ao meu lado
Quando vejo
Alguém que foge da guerra
E em vez de braços abertos
Tem um exército para a receber
Que responde ao seu desespero
Com a mesma violência
Que os levou a sua terra deixar
Sonhando com a nossa terra
A nossa Europa
Que lhes dá apenas
O tal arame farpado
Que dilacera
Os sonhos que ainda conseguem manter
Sinto-me humano
Por nada conseguir fazer
Por estes despojados de tudo
A não ser me revoltar
Contra esta Europa
Que quando precisou
Sempre teve alguém para a ajudar
Mas que pessoas iguais
Apenas se limita a repudiar
Apenas porque a cor da pele é diferente
Apenas porque falam outra língua
E professam uma diferente religião
Apenas porque vêm de um outro lugar
Esquecendo que são iguais a nós
Sinto-me tristemente humano
Porque com este tipo de comportamentos
A humanidade nega-se a si mesma
E habitando o mesmo planeta
Está sinistramente só…