Sinto-me (ainda mais) Humano

Aos refugiados da Síria, Iraque, Afeganistão que nestes dias tentam chegar à Europa

Não quando sangro

Mas quando vejo alguém sangrar

Sem que esse sangue

Possa estancar

Não quando vejo muros

E cercas de arame farpado

Sinto-me Humano

Quando essas barreiras

“Protegem” as nossas fronteiras

E impedem que quem sofre

Possa estar ao meu lado

Quando vejo

Alguém que foge da guerra

E em vez de braços abertos

Tem um exército para a receber

Que responde ao seu desespero

Com a mesma violência

Que os levou a sua terra deixar

Sonhando com a nossa terra

A nossa Europa

Que lhes dá apenas

O tal arame farpado

Que dilacera

Os sonhos que ainda conseguem manter

Sinto-me humano

Por nada conseguir fazer

Por estes despojados de tudo

A não ser me revoltar

Contra esta Europa

Que quando precisou

Sempre teve alguém para a ajudar

Mas que pessoas iguais

Apenas se limita a repudiar

Apenas porque a cor da pele é diferente

Apenas porque falam outra língua

E professam uma diferente religião

Apenas porque vêm de um outro lugar

Esquecendo que são iguais a nós

Sinto-me tristemente humano

Porque com este tipo de comportamentos

A humanidade nega-se a si mesma

E habitando o mesmo planeta

Está sinistramente só…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/09/2015
Reeditado em 19/09/2015
Código do texto: T5387257
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