Disseste-me “Até amanhã…”

Sem nisso acreditares

Pois sabíamos os dois

Que ele nunca iria chegar

Que esta é era uma forma do tempo enganares

Porque todos precisamos

Pelo menos uma vez na vida

De uma ilusão

E criaste assim

Uma União

Que nunca iria acabar

Nem mesmo

No momento

Em que nos tivemos que separar

Um “Amanhã”

Tão distante

Como nós nos encontrávamos

Ao ponto de estando no mesmo quarto

Sermos incapazes de nos tocarmos

Um “Amanhã”

Que não prometia um futuro

Mas que antes evocava um passado

Onde estávamos

De facto

Lado a lado

Um “Amanhã”

Que nos permitiria respirar

Durante a altura de perda

Da percepção da ausência

Onde o mundo parecia acabar

Respirar

Até à altura

Em que outra pessoa

Fossemos encontrar

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 02/09/2015
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