Estes são os Dias
Da transcendência
Onde se celebra a presença
E se esquece
A ausência
São os dias do sagrado
Onde as rimas são previsíveis
Porque acabam sempre da mesma forma:
“Estou feliz por estares ao meu lado”
Do espanto
Não assumido
Porque se dito
Poderás desaparecer
Pelo espanto que terás
Pelo meu espanto
De que querendo
Te posso sempre ver
São os dias do enigma
São os dias da imprevisibilidade
Em que não tendo a certeza de nada
Os momentos que temos
São sentidos
Como se fossem uma eternidade
E assim
Quando partires
Não irei lamentar
Que o tempo que tive contigo
Foi ao máximo desfrutado
Não acabei por o desperdiçar
Bebendo cada gesto teu
Cada letra do teu falar
Cada passo da tua dança
Cada entoação do teu cantar
E assim quando partires
As consciências ficarão tranquilas
Porque o que acabou
Não foi por nós causado
Seguiu o rumo da natureza
Porque tudo tem um tempo certo onde começa
E um tempo certo onde tem que ser terminado…