Na Cidade dos Anjos
Ninguém pergunta de onde vimos
Apenas nos perguntam quanto tempo queremos ficar
Se o resto da eternidade
Se o tempo que leva uma asa partida a reparar
Ninguém nos ilude
Ninguém nada nos vai prometer
A não ser
Que o que nos dói
Ali acaba menos por doer
Ninguém nos julga
Nem permite que seja alguém julgado
Só aqueles
Que podendo
E devendo
Rejeitam alguém a seu lado
E sim
Todos nos olham
Sem olhar
Para verem que
Se o que nos mata por dentro
Já começa a passar
Todos nos erguem
Quando no chão
Demasiado tempo teimamos em querer ficar
E Todos
Nos ajudam
As asas a curar
Porque apesar de termos nascido homens e mulheres
Nascemos também para voar
E a Cidade dos Anjos
Quando caídos
Em desgraça
Ou por falta
De graça
Existe
Para isso nos recordar…