Na Cidade dos Anjos

Ninguém pergunta de onde vimos

Apenas nos perguntam quanto tempo queremos ficar

Se o resto da eternidade

Se o tempo que leva uma asa partida a reparar

Ninguém nos ilude

Ninguém nada nos vai prometer

A não ser

Que o que nos dói

Ali acaba menos por doer

Ninguém nos julga

Nem permite que seja alguém julgado

Só aqueles

Que podendo

E devendo

Rejeitam alguém a seu lado

E sim

Todos nos olham

Sem olhar

Para verem que

Se o que nos mata por dentro

Já começa a passar

Todos nos erguem

Quando no chão

Demasiado tempo teimamos em querer ficar

E Todos

Nos ajudam

As asas a curar

Porque apesar de termos nascido homens e mulheres

Nascemos também para voar

E a Cidade dos Anjos

Quando caídos

Em desgraça

Ou por falta

De graça

Existe

Para isso nos recordar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 25/08/2015
Código do texto: T5358934
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