Laços
Foi a maneira que um Deus
Ou simplesmente o acaso
Arranjou para que
Os amantes
Os amigos
Mesmo que distantes
Nunca estejam separados
Uma força invisível
Impossível de descrever
Impossível de visualizar
Mas que permite
Que o local onde está quem estimamos
Seja também o nosso lugar
Uma força
Que desobedece às leis do tempo
Às leis do espaço
A qualquer lei universal
Desde que esta nos queira afastar
Porque o tempo pára
E o espaço torna-se ínfimo
Tudo se passa a reger
Pelo nosso instinto
Que nos diz
Que a desistência é uma tolice
E a esperança é o nosso estandarte
Que voltaremos a erguer
Quando nos reencontrarmos
Porque mesmo que tudo nos indique o contrário
O lugar ao nosso lado
Teimámos em deixar
Não vazio
Mas vago
Laços
Resistentes a tudo
Mas igualmente delicados
Laços
A deverem ser cuidados
Alimentados
Com o melhor que temos de nós
Com o mais nobre que somos capazes de gerar
Porque senão
Os
Laços
Em correntes se poderão transformar
Fazendo com que o belo
Se remodele
E passe a ser uma prisão
Fazendo com o que antes era amor
Amizade
Passe a ser uma escravidão
Fazendo com o que era luz
Seja a mais sombria
E lúgubre escuridão…