Os anjos de asas partidas

São aqueles a quem presto mais atenção

Anjos que depois de feridos

Se humanizaram

E tentam voltar a adquirir o seu poder de elevação

Anjos que perderam a graça

Mas que com tal perceberam a pouca duração da eternidade

Que na Terra

Entre os homens

Perceberam enfim o que é a fraternidade

E assim

Quando as asas concertarem

E voltarem a voar

Não irão pretender

A humanidade salvar

Vão apenas

A humanidade escutar

Porque perceberam

Que cada humano

É responsável pelo seu naufrágio

E assim

Cada humano

É a sua própria bóia de salvação

Perceberam que somos imperfeitos

Que vivemos em eterno conflito

Entre o bem e o mal

Perceberam

Que um pode ser o outro

Dependendo apenas do momento

Da ocasião

Perceberam que por isso

Nos está vedada a ascensão

Mas que tal não nos mata

Nunca nos irá matar

Porque com todos os seus defeitos

A Terra

Ainda é o melhor lugar

Onde se pode estar

Perceberam que por isso

Se tivéssemos asas perfeitas

Muito depressa as iríamos quebrar

Para continuarmos a ficar por aqui

Neste Lugar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 21/07/2015
Código do texto: T5318217
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