Os anjos de asas partidas
São aqueles a quem presto mais atenção
Anjos que depois de feridos
Se humanizaram
E tentam voltar a adquirir o seu poder de elevação
Anjos que perderam a graça
Mas que com tal perceberam a pouca duração da eternidade
Que na Terra
Entre os homens
Perceberam enfim o que é a fraternidade
E assim
Quando as asas concertarem
E voltarem a voar
Não irão pretender
A humanidade salvar
Vão apenas
A humanidade escutar
Porque perceberam
Que cada humano
É responsável pelo seu naufrágio
E assim
Cada humano
É a sua própria bóia de salvação
Perceberam que somos imperfeitos
Que vivemos em eterno conflito
Entre o bem e o mal
Perceberam
Que um pode ser o outro
Dependendo apenas do momento
Da ocasião
Perceberam que por isso
Nos está vedada a ascensão
Mas que tal não nos mata
Nunca nos irá matar
Porque com todos os seus defeitos
A Terra
Ainda é o melhor lugar
Onde se pode estar
Perceberam que por isso
Se tivéssemos asas perfeitas
Muito depressa as iríamos quebrar
Para continuarmos a ficar por aqui
Neste Lugar…