Campos minados
São aqueles que criámos
Quando deixámos de falar
Palavras substituídas por minas
Que não poderíamos deixar de pisar
E rebentar
Como rebentámos com as palavras
Que tudo poderiam ter mudado
Rebentar
Por não te ter ouvido
E por não ter sido escutado
Palavras
Que se tivessem sido devidamente tecidas
Da forma mais adequada construídas
Poderiam ter tecido a teia
Que não nos iria prender
Mas antes impedir que nos pudéssemos separar
Pois teríamos com elas construído o nosso castelo
E não quereríamos ir para outro lugar
Mas em vez disso
Dedicámos o nosso tempo ao vão
Ao desperdício
De nos esforçarmos
Em não nos entendermos
Não apostando no nosso Todo
Querendo ver esse Todo despedaçado
Porque em vez de palavras à nossa volta
Preferimos ter os nossos
Campos minados