BRINCADEIRA DE MAU GOSTO
(ao amigo Heitor)
Mas, por que, meu irmão,
a vida brinca com a gente?
...a gente que não brinca com a vida.
Levamos tanto a vida a sério,
mas, de nós, a vida vive a zombar.
Um dia, nos arranca os amigos,
outro dia, nos arranca os irmãos, a amada...
Um dia, nos arranca as flores,
outro dia, nos arranca os frutos;
um dia, (quem garante não?) nos arrancará tudo
enquanto não nos arranca, de uma só vez,
a própria vida.
Já não bastavam aquela infância
sem brinquedos,
aquela juventude
sem muita graça
e essa vida besta que levamos?
Por que a vida não leva à sério
a quem tanto sério leva o viver?
Por que essa brincadeira de mau gosto
com quem tanto ama a vida?
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(custo acreditar no que o destino nos tem aprontado. Não quero acreditar que seja verdade. Por isso a ingenuidade incoerente do título desta poesia.)