Poema Carvalho Roble

Tenho visto a ventania soprar ao longe, com ela estou a me levar e por onde passo só vejo a tristeza e a lembrança da queda de minha natureza.

Sou jogada de um lado para outro.

A paisagem é uma beleza, mas a lembrança me envolve neste choro.

Não encontro em nem um canto deste universo algo que me faça esquecer

toda a queda por mim sofrida e nestas linhas me ponho a escrever.

Estou sendo levada por vales, montanhas, becos e ruelas

mas em nem um momento as paisagens belas mudam os meus pensamentos.

Encontrei e encontro outras iguais a mim

umas belas, outras bem mais machucadas, desgastadas ou até mesmo mais feridas pelo destino de tua natureza.

Encontro aquelas que ainda estão em teu lugar de nascença balançando e expondo toda tua beleza e eu continuo sendo levada

batendo de um lado para o outro com o soprar do vento

e assim fico a imaginar que em toda esta trajetória

não encontrarei algo que venha me alegrar?

Até agora nada, não acharei nada pra me consolar?

O destino me fez cair

Sei... sim eu sei que o destino de todas é cair e se machucar, mas neste momento me recuso a aceitar

só tenho algumas feridas, umas bem doloridas, outras quase cicatrizadas e depois de tanto ser sacudida,

jogada de um lado para o outro avisto um brilho ao longe,

aguardo mais um soprar do vento pra me transportar ao lado de ti e ao avistar

minhas esperanças mais uma vez caem ao chão

meu coração sangra ao ver aquela triste visão

é apenas um dos pedaços de minha natureza que foi quebrado, transportado bruscamente através desta ventania e até aqui foi arrastado.

E mais um golpe do vento nos atinge

eu... somente eu por ser mais leve, sou levada a uma distância maior.

Tudo recomeça, sou novamente transportada por imensa beleza dentro desta natureza permanecendo só.

Sou incansavelmente pisada, jogada de lá para cá e nada de encontrar algo que possa me amparar

estou prestes a desistir, deixar o que resta de mim se despedaçar

parar de resistir, me deixar terminar de se quebrar

terminar de perder meus pedaços a todo lugar

e num breve instante ouço o soprar do vento a me falar:

- Escuta-me pequenina, sou velho, já quase todo destruído pelo tempo e meu mero destino, tomo muito espaço, pois já criei muitas raízes que não podem mais se cortar,

mas se quiseres podes comigo ficar.

Tu és tão linda pequenina e aqui serás a minha força pra continuar.

Eu...

Sem nem um pensar, ali resolvi permanecer,

pois em todo meu caminhar a ventania somente se pôs a me flutuar

e o remoer da tristeza a qual me fizestes passar

pôs-se naquele instante a se dissipar, pois me tornara pequenina

mas uma pequenina amparada com o destino de força e a tarefa para que tudo possa continuar.

fazer da vida belezas e buscar sempre o amar.

link do poema em vídeo em meu canal do you tube:

https://www.youtube.com/watch?v=eFWQYYtQbwc