VOCÊ É VOCÊ MESMO?
Pergunta aparentemente tendenciosa
Afinal, personalidade se constrói paulatinamente.
Nem uma prosa, um poema uma canção moralistas
Seriam efetivamente a solução dos mistérios humanos.
Não mistério no sentido místico
Mas sim no que remete às dúvidas e às incertezas.
Conhecer-te a ti mesmo, como filosofam os sábios
Uma assertiva que ataca, insulta e patenteia as hipocrisias.
Chegou-se a um ponto culminante
Em cujo topo estão dilemas concentrados.
Se por um lado, necessitamos ser verdadeiros
Por outro, nos habituamos às referências falaciosas.
Pois, escolhemos o que nos convém
Conforme os interesses temporais e circunstanciais.
Absorvemos por osmose as qualidades alheias
Ou melhor, o que julgamos como algo superior.
Enfim, como terminaremos desse jeito
Se é que sabemos o lugar sobre o qual erramos primeiro.
O princípio de se anular consiste em se menosprezar
A finalidade da vida se restringe a regras de adaptação.
Mas nos adaptamos ao quê, por quê e por quem?
Sim, pois, às vezes, alguém nos é fonte de inspiração.
Se nem respostas simples primam pela clareza
A situação é mais grave e digna de intervenções.
Intervir no sentido de refletir sobre nós mesmos
Freando ou atenuando influências nocivas e triviais.
Assim, por mais que ainda não saibamos quem somos
Ao menos encontraremos o norte de nossos próprios caminhos.