Pó
Nunca iremos permitir
Que nos possam ver a comer
Pó
Porque caímos
Sem dúvida
Mas estamos sempre a nos levantar
Tão depressa
Que o pó apenas podemos observar
Levantamo-nos
Para mais um dia vivermos
Erguidos
E longe do chão
Para que nesse dia continuemos a lutar
Claro que o levantamos
Porque tal acontece sempre
Quando se anda
Quando se recusa a parar
Pó
Que denuncia o nosso percurso
Embora não nos importemos com isso
Porque nada temos a esconder
Andamos
Até ao dia em que a estrada se gastar
Vendo parte daquilo porque lutamos
Em pó se transformar
E as próprias lágrimas que deitamos
Ao secar
Acabam por em pó se converter
Mas não paramos
Nunca iremos parar
Tal só irá acontecer
Quando não existirem mais estradas por onde andar
E nessa altura
Apenas nessa altura
Em pó
Nos iremos tornar…