"AMIZADE INEQUÍVOCA"

De certa forma, amizade não permite engano

Uma vez que a sua condição é ser natural.

Por outro lado, lidar com ela é, paradoxalmente, insano

Pois alguns a tomam como uma conquista crucial.

Assim, nos perdemos em argumentos incoerentes

Afinal, quem quer amizade é sinal de que não a tem.

Mas, e se o termo está sendo trabalhado de modo abstrato?

Como nos aprofundarmos em entender a complexidade humana?

O concreto, indubitavelmente, mostra-se desanimador

Traições, corrupção e infidelidade.

Desvirtua-se, desse modo, o que seria tido como perfeição

Inequívoco sentimento traiçoeiro.

As pessoas, sem generalização, valorizam o bom amigo

Não obstante as suas formas de definir a sua sintaxe.

O bom para alguns é leviano para os diametralmente opostos

Situação quase impossível chegarmos a uma convergência.

Enquanto dialogamos com a nossa própria consciência

Penetramos o interior de nossos egos obscuros.

A nossa própria vaidade e cobiça nos é infiel

De que maneira cobrar a amizade fidedigna de um outro mortal?

Hipocrisia não demagoga

Pois, no fim das contas, ninguém consegue a amizade inequívoca.

Mais simples seria aceitar as suas próprias fraquezas interiores

E, assim, externar aos outros a sua personalidade inata.

Inferimos a possibilidade viável da prática da literal amizade

Aquela que não valoriza a superfície de nossas mentiras

Mas sim a sincera constatação de nossas falhas.

Aceitação, renúncia e solidariedade

Nobrezas que se tornam essenciais

A uma amizade imperfeita, mas perspicaz.

(Renan Fernandes)
Enviado por (Renan Fernandes) em 17/06/2015
Código do texto: T5280792
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