"AMIZADE INEQUÍVOCA"
De certa forma, amizade não permite engano
Uma vez que a sua condição é ser natural.
Por outro lado, lidar com ela é, paradoxalmente, insano
Pois alguns a tomam como uma conquista crucial.
Assim, nos perdemos em argumentos incoerentes
Afinal, quem quer amizade é sinal de que não a tem.
Mas, e se o termo está sendo trabalhado de modo abstrato?
Como nos aprofundarmos em entender a complexidade humana?
O concreto, indubitavelmente, mostra-se desanimador
Traições, corrupção e infidelidade.
Desvirtua-se, desse modo, o que seria tido como perfeição
Inequívoco sentimento traiçoeiro.
As pessoas, sem generalização, valorizam o bom amigo
Não obstante as suas formas de definir a sua sintaxe.
O bom para alguns é leviano para os diametralmente opostos
Situação quase impossível chegarmos a uma convergência.
Enquanto dialogamos com a nossa própria consciência
Penetramos o interior de nossos egos obscuros.
A nossa própria vaidade e cobiça nos é infiel
De que maneira cobrar a amizade fidedigna de um outro mortal?
Hipocrisia não demagoga
Pois, no fim das contas, ninguém consegue a amizade inequívoca.
Mais simples seria aceitar as suas próprias fraquezas interiores
E, assim, externar aos outros a sua personalidade inata.
Inferimos a possibilidade viável da prática da literal amizade
Aquela que não valoriza a superfície de nossas mentiras
Mas sim a sincera constatação de nossas falhas.
Aceitação, renúncia e solidariedade
Nobrezas que se tornam essenciais
A uma amizade imperfeita, mas perspicaz.