A Idade do Crescimento

Quantos sonhos sentimos desfeitos

Quantas horas foram desperdiçadas

Quando depois de acabar aquela música

Acabou por não se passar nada?

Quantas montanhas tivemos a ilusão de podermos escalar

Quantas batalhas

Ambicionámos ganhar

Descobrindo que tudo não passou de uma miragem

Depois da música terminar?

Quantas utopias julgámos serem reais

Quantas estradas pensámos não terem fim

Quanto tempo andámos a pensar

Que nunca teríamos que parar

Que a nossa casa

Era todo e qualquer lugar

Onde gostássemos de estar

Desde que a música

Aquela canção

Não parasse de tocar?

Mas o dia

Que nunca imaginámos que pudesse chegar

O dia do silêncio

Chegou

Ao ponto de nos ultrapassar

E para não ficarmos escravo dele

Desse tempo

Porque falamos afinal

Do crescimento

Teimámos em sonhar

Teimámos em usar as horas

Como desejávamos

E não como nas queriam impor

Escalando montanhas

Que diziam não existir

Tornando verosímeis

Utopias

Das quais todos se costumavam rir

Tendo uma casa

Que era apenas um lugar

Que usávamos

Para logo depois podermos partir

Em silêncio

Porque aprendemos que esta era a melhor forma

De fazermos o que queríamos

Sem que nos pudessem impedir

Porque não nos podiam prender

Se não nos pudessem ouvir…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 31/05/2015
Reeditado em 31/05/2015
Código do texto: T5261296
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