A Idade do Crescimento
Quantos sonhos sentimos desfeitos
Quantas horas foram desperdiçadas
Quando depois de acabar aquela música
Acabou por não se passar nada?
Quantas montanhas tivemos a ilusão de podermos escalar
Quantas batalhas
Ambicionámos ganhar
Descobrindo que tudo não passou de uma miragem
Depois da música terminar?
Quantas utopias julgámos serem reais
Quantas estradas pensámos não terem fim
Quanto tempo andámos a pensar
Que nunca teríamos que parar
Que a nossa casa
Era todo e qualquer lugar
Onde gostássemos de estar
Desde que a música
Aquela canção
Não parasse de tocar?
Mas o dia
Que nunca imaginámos que pudesse chegar
O dia do silêncio
Chegou
Ao ponto de nos ultrapassar
E para não ficarmos escravo dele
Desse tempo
Porque falamos afinal
Do crescimento
Teimámos em sonhar
Teimámos em usar as horas
Como desejávamos
E não como nas queriam impor
Escalando montanhas
Que diziam não existir
Tornando verosímeis
Utopias
Das quais todos se costumavam rir
Tendo uma casa
Que era apenas um lugar
Que usávamos
Para logo depois podermos partir
Em silêncio
Porque aprendemos que esta era a melhor forma
De fazermos o que queríamos
Sem que nos pudessem impedir
Porque não nos podiam prender
Se não nos pudessem ouvir…