A imortalidade do nosso olhar

Todos envelhecemos

Tudo em nós tende a envelhecer

Porque uma lei não escrita do universo

Determina

Que tudo o que nasce

Um dia tem que morrer

Tudo do que somos feitos

Tudo do que somos constituídos

Nasce

Floresce

E começa a secar

Até ao momento

Em que o nosso coração

Tiver que parar

Tudo menos os nossos olhos

Que se mantêm iguais

Apenas se limitam a crescer

E assim ficam

Sem sequer se embaciarem

Assim ficam

Até ao dia do nosso evanescer

E para tal

Não consigo arranjar uma explicação

Excepto esta

A que muitos poderão achar

Não um facto real

Mas uma mera invenção

A imortalidade do nosso olhar

Deve-se

Porque os olhos tudo observam

E por isso tudo devem conservar

Para o que vivemos

Todas as nossas sensações

Sentimentos

Nascidos daquilo que os olhos nos permitiram observar

Não se percam

Porque se tal acontecer

Quase tudo perde sentido

Quase tudo perde lógica

Pelo monumental desperdício

Assim

Os olhos mantêm-se invulneráveis

À passagem do tempo

Para que quando tudo acabar

Lá para onde formos

Tudo o que vivemos

Com eles os olhos possam levar

Mera conservação de energia

“Na natureza nada se perde, tudo se transforma”

E para quê

Para onde?

Não sei

E muito menos o consigo imaginar

Porque se o soubesse

Se soubesse o maior de todos os enigmas

A todos

O iria revelar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 21/05/2015
Código do texto: T5249259
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