A Nossa Viagem Solar
Um ano
Uma volta ao sol
E numa vida
Acabamos tão poucas por dar
Mas se fosse uma vida infinita
Com os milhões de tantas voltas
Acabaríamos por enjoar
Mas são tão poucas
Aquelas que marcam a nossa brevidade
São tão poucas
Que invejamos as rochas
Pela sua quase eternidade
As rochas
Que assistiram ao começo
E que irão ver o fim
Do veículo
Que nos permite esta viagem
A Terra
O nosso berço
Mas também a nossa tão estranha carruagem
Mas de nada vale às rochas
Tudo isto observar
Porque elas não podem sentir
Não podem a sua magnífica viagem desfrutar
Ao contrário de nós
Sejamos então como as crianças
A quem os pais
Só permitiram umas breves voltas num carrossel:
Aproveitemos cada segundo de cada volta
Porque sabemos que ele não se irá repetir
Dêmos por isso essas voltas
A sorrir
E não a lamentar
As poucas voltas
Que desde o nosso começo
Estamos destinados a dar
Não sejamos como aquela outra criança
Que fez birra
Porque não podia mais tempo no carrossel andar
Fez birra
E no tempo em que esteve nele
Passou este a chorar
E por isso não o soube aproveitar
Façamos desse tempo
Um tempo em que vivemos
O melhor que nos foi possível viver
Mas um tempo que também nos permitiu sonhar
E imaginar
O que faríamos
Se as voltas pudessem continuar
Façamos tal
Sejamos então felizes
E assim estaremos
Assim permaneceremos
Até quando o carrossel tiver que parar
Aproveitemos então o melhor que possamos
A Nossa Viagem Solar