Os libertados do tempo
São aquele tipo (raro) de seres
Que quando lemos as suas palavras
O que eles tiveram para dizer
Podem ter passado mil anos
Mas nas suas palavras acabamos por nos rever
Por nos inspirar
E por descobrir
Que por mil anos que vivamos
Ainda teremos algo que aprender
Aprender
Por exemplo
Que a espada pode ser mais forte que a palavra
Mas na história dos homens
São as segundas
E nunca as primeiras
As mais amadas
Aprender
Que a morte
Não é uma lei universal
Que existe algo que lhe sobrevive
O pensamento
Que torna os seus autores imortais
Porque ao serem lidas
As suas palavras
Parecerão sempre actuais
E tocam no mais humano que temos
Os sentimentos
E por muito que estejam adormecidos
Os fazem ressuscitar
Lá do local distante onde os seus corpos ficaram
Mas cuja mente se recusou a acompanhar
Por isso chamei a esses homens
A essas mulheres
Os libertados do tempo