Espero que não te importes…
Ter colocado no papel
As palavras que te costumava dizer
A Ti e só a Ti
E assim
A partir deste momento
Outras pessoas as poderão ler
Porque não vou usar essas palavras como terapia
Aquela que nos diz
Que depois de escritas
Essas palavras deixam de pesar
Porque isto não é uma terapia
E eu de nada me quero aliviar
Simplesmente decidi materializar um sentimento
Torná-lo visível
Torná-lo real
Para que todos o possam observar
Torná-lo real
Aos olhos de um mundo
Que antes de o ver
Ele era tão palpável como o ar
E graças à sociedade da informação
Elas serão como o ar
Poderão ir
Para os mais imprevisíveis lugares
Moderna versão
De uma garrafa com uma mensagem lançada no mar
Que muito depois de partirmos
Eventualmente gente que nem sequer conhecemos
Essas palavras irão recordar
E se calhar
Essas palavras
Serão tudo
O que de nós irá restar
E afinal
As palavras dizem pouco
Foi até maior a introdução
Que lhes fiz
Para perceberem que não as escrevi de forma leviana
Escrevi com a minha maior
E mais nobre intenção
A intenção que saibam
Que elas são reais
E não apenas um mero exercício literário
A intenção que falha
Porque parece irreal
Quando te digo
Que és a minha lua
Que me maravilha quando te posso admirar
Mas que me transtorna
Quando apenas o teu lado oculto
Tens para me mostrar
Que és o meu sol
Indispensável ao meu viver
Mas um sol que magoa
Quando apenas os teus raios mais fortes eu consigo ver
Que és a Terra
Onde eu não quero deixar de habitar
Uma Terra fértil
Que tenho saber cuidar
Porque se não for cuidadoso
A minha presença resíduos tóxicos irão causar
E era apenas isto
Que tenho a revelar
Coisas que milhões de nós sentem
Um lugar comum
Mas que é o nosso Lugar
Aquele que te diz
Que até à altura em que o próprio fim acabar
É contigo
E apenas contigo
Que eu quero estar
Que conhecer-te foi um prenúncio de vida
E não um prenúncio de morte
E assim
Depois de saberes que outras pessoas
(que não apenas nós os dois) leram estas linhas
Espero que não te importes…