A um Ausente

Tenho razão de sentir saudade

tenho razão de te acusar.

Houve um pacto

implícito que rompeste e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral,

a comum aquiescência de viver

e explorar os rumos de obscuridade sem prazo sem consulta

sem provocação até o limitei

das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu,

enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação,

o ato em si,

o ato que não ousamos nem sabemos ousar

porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,

Milay
Enviado por Milay em 17/03/2015
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