Aquele nosso Momento
Tão diferente
Mas tão igual
No seu começar
E na maneira
Como costuma acabar
Aquele momento
Em que por muito que nos tenhamos
Nada nos parece bastar
Aquele Momento
Em que descobertos
Nos continuamos a surpreender
Porque há sempre um algo de novo
A ver
Aquele Momento
Em que o fogo não queima
Só queima na ausência
Da Tua
Presença
Aquele Momento
Em que as rimas são soltas
Não possuem
Nem queremos que tenham qualquer sentido
Porque as palavras se ordenam
E adquirem a sua lógica
(aleatória)
Quando estás comigo
Mas são momentos
Que se podem perder no tempo
Como lágrimas na chuva
Quando os banalizámos
Ou os deixámos gastar
Passam a serem momentos
Em que o pouco que temos
Já é demasiado
Momentos
Em que deixámos morrer a novidade
Em que o fogo queima
Não no sentido lírico
Mas no sentido do mal
Momentos
Em que a ausência
É sinónimo de libertação
Momentos
Em que as rimas
Em vez de nos encantar
Nos tendem
Apenas a nos afastar
São Momentos
Que escrevi
Para lermos
Vezes sem conta
E recordar o seu lado sinistro
E voltar a ler
Para que a sua parte negra
Sinistra
Nunca mais nos possa tocar…