Aquele nosso Momento

Tão diferente

Mas tão igual

No seu começar

E na maneira

Como costuma acabar

Aquele momento

Em que por muito que nos tenhamos

Nada nos parece bastar

Aquele Momento

Em que descobertos

Nos continuamos a surpreender

Porque há sempre um algo de novo

A ver

Aquele Momento

Em que o fogo não queima

Só queima na ausência

Da Tua

Presença

Aquele Momento

Em que as rimas são soltas

Não possuem

Nem queremos que tenham qualquer sentido

Porque as palavras se ordenam

E adquirem a sua lógica

(aleatória)

Quando estás comigo

Mas são momentos

Que se podem perder no tempo

Como lágrimas na chuva

Quando os banalizámos

Ou os deixámos gastar

Passam a serem momentos

Em que o pouco que temos

Já é demasiado

Momentos

Em que deixámos morrer a novidade

Em que o fogo queima

Não no sentido lírico

Mas no sentido do mal

Momentos

Em que a ausência

É sinónimo de libertação

Momentos

Em que as rimas

Em vez de nos encantar

Nos tendem

Apenas a nos afastar

São Momentos

Que escrevi

Para lermos

Vezes sem conta

E recordar o seu lado sinistro

E voltar a ler

Para que a sua parte negra

Sinistra

Nunca mais nos possa tocar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/02/2015
Reeditado em 19/02/2015
Código do texto: T5142368
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