UM AMIGO FAZ FALTA (para minha amiga, Cíntia Melo)
Este rio que aqui passa
preguiçoso, sem graça...
Não foi sempre assim.
Quando eu era guri
e ia pescar lambari,
se eu não pescava nada
ele dava risada,
zombava de mim.
De pedra em pedra
ele pulava
enquanto gargalhava
do meu fracasso.
Eu o margeava
enquanto me afastava
e ele seguia meu passo.
E ria ria ria...
E seu sorriso
se manifestava em guizos
até que, cansado,
ele parava e se espraiava
em algum remanso
entregando-se a um doce descanso.
Depois, alegremente,
partia novamente.
Ah, esse rio que passa,
cabisbaixo, sem graça...
Não foi sempre assim.
Talvez seja a falta do amigo
que ele perdeu em mim.
Tenho medo do rio morrer
e a gente deixar te ter
um rio vivendo na cidade.
Daí, resolvi convidar
todo mundo pra se juntar
e num abraço de amizade,
prometer e se comprometer
a trabalhar para devolver ao rio
a sua felicidade.
Todo rio merece viver.
Eu vou cuidar,
e você?