Um insustentável vazio
Por vezes partimos um vaso
Em tantos pedaços
Que quando o vamos colar
Algum
Ou demasiados vão faltar
Pedaços
Cuja falta
Podemos colmatar
Com uma qualquer improvisação
Mas não é a mesma coisa
Pois os novos
Nunca o espaço dos velhos substituirão
Ficam assim espaços vazios
Que só nós
E mais ninguém consegue ver
Apenas nós
Mas demasiada gente a saber
O vaso
Metáfora perfeita
Do que somos
Do que somos feitos
Do que somos constituídos
E por isso
Quando nos magoam
Quando magoamos
Quando alguém parte
Ou quando somos nós que partimos
Embora ninguém o note
Fica em nós um insustentável vazio…