Foram os dias
De lágrimas
De dor
Mas sobretudo foram dias de vontade
Foram os nossos dias
Em que conquistámos a nossa liberdade
Foram os dias
De punhos erguidos
Símbolos de uma luta
Que nunca iríamos abandonar
E os punhos só se abriam
Na altura de se abraçar
O antigo adversário
Porque a paz só se alcança
Depois de uma mão deixar de se crispar
Foram os dias
Em que julgávamos tudo ser infinito
Quer um orgasmo
Quer um grito
De angústia
Foram dias
Da mais plena contradição
Dias
Em que ficou nítido o nosso destino
Foram os nossos melhores dias
Porque por vezes
Não ter
Uma ideia
Do que se quer ser
Uma ideia
De para onde ir
Permite-nos ser tudo o que desejamos
Permite-nos ir
Para onde realmente sonhamos
Permite-nos
Que continuemos a andar
Sem pressa de ao nosso objectivo se chegar