AO MEU AMIGO, ARAMIS
nair lúcia de britto
Aramis,
Por favor, não ponha sua ilusão
De lado
Cuide bem dela...
Não se desfaça do seu dom
Afine o violão
Acerte o tom
Você vai ver
Será melhor seu viver...
Aramis,
Não, não deixe
Que alguns obstáculos
Interfiram no seu talento inato
Para a música
Escuta, meu amigo
Também trago comigo
O dom de escrever
Escrevo poesias que ninguém lê
Mas não me privo deste prazer!
Pois então, Aramis,
Faça como eu
Aproveite o talento que Deus
Lhe deu
Pegue agora mesmo seu violão
E comece a treinar
Devagarinho também se pode chegar
E eu quero ser a primeira
A ouvir você tocar!
..........................................................
A POESIA E SUA HISTÓRIA 1
Eu escrevi esta poesia no dia 09 de maio de 1974, para o Aramis. Um colega de trabalho, cego, que trabalhava para a Secretaria da Educação, situada num dos altos prédios do Largo do Arouche.
Telefonista, no seu turno, era ele quem passava as ligações telefônicas para todos os ramais das diversas repartições.
Olhando pelas janelas do prédio, a gente via as barracas de flores, lá em baixo. Eram flores lindas, que eram vendidas para ornar alguma sala ou para oferecer a uma pessoa querida.
Flores viçosas, coloridas e tão amadas. Vê-las era uma felicidade imensa para os olhos. Sempre que possível, eu gostava de dar uma parada na minha máquina de escrever e dar uma olhada pela janela, só para ver as flores.
Mas o Aramis não podia vê-las. Pensam que ele era uma pessoa triste por causa disso? Não, não era. Estava sempre alegre, com um sorriso amigo e, quando passava uma ligação, sua voz irradiava simpatia; sempre gentil e solícito.
No horário do almoço, quando por acaso me deparava com ele, à porta de saída, eu o ajudava a atravessar o Largo florido, que ele não via. Nas horas vagas, costumava tocar violão...
Um dia, excepcionalmente, eu o vi muito triste, querendo desistir do seu violão. Quis encorajá-lo, arrancá-lo daquela tristeza, que não lhe era comum; mas não tinha palavras.
Então eu lhe escrevi esta poesia...
nair lúcia de britto
Aramis,
Por favor, não ponha sua ilusão
De lado
Cuide bem dela...
Não se desfaça do seu dom
Afine o violão
Acerte o tom
Você vai ver
Será melhor seu viver...
Aramis,
Não, não deixe
Que alguns obstáculos
Interfiram no seu talento inato
Para a música
Escuta, meu amigo
Também trago comigo
O dom de escrever
Escrevo poesias que ninguém lê
Mas não me privo deste prazer!
Pois então, Aramis,
Faça como eu
Aproveite o talento que Deus
Lhe deu
Pegue agora mesmo seu violão
E comece a treinar
Devagarinho também se pode chegar
E eu quero ser a primeira
A ouvir você tocar!
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A POESIA E SUA HISTÓRIA 1
Eu escrevi esta poesia no dia 09 de maio de 1974, para o Aramis. Um colega de trabalho, cego, que trabalhava para a Secretaria da Educação, situada num dos altos prédios do Largo do Arouche.
Telefonista, no seu turno, era ele quem passava as ligações telefônicas para todos os ramais das diversas repartições.
Olhando pelas janelas do prédio, a gente via as barracas de flores, lá em baixo. Eram flores lindas, que eram vendidas para ornar alguma sala ou para oferecer a uma pessoa querida.
Flores viçosas, coloridas e tão amadas. Vê-las era uma felicidade imensa para os olhos. Sempre que possível, eu gostava de dar uma parada na minha máquina de escrever e dar uma olhada pela janela, só para ver as flores.
Mas o Aramis não podia vê-las. Pensam que ele era uma pessoa triste por causa disso? Não, não era. Estava sempre alegre, com um sorriso amigo e, quando passava uma ligação, sua voz irradiava simpatia; sempre gentil e solícito.
No horário do almoço, quando por acaso me deparava com ele, à porta de saída, eu o ajudava a atravessar o Largo florido, que ele não via. Nas horas vagas, costumava tocar violão...
Um dia, excepcionalmente, eu o vi muito triste, querendo desistir do seu violão. Quis encorajá-lo, arrancá-lo daquela tristeza, que não lhe era comum; mas não tinha palavras.
Então eu lhe escrevi esta poesia...