A estrada de pó
“-De que é que és feita?”
“Eu?
Eu não sou feita de nada
Apenas de pó
Pó das estrelas
E pó das estradas
Pó
O simples pó cósmico
Com que costumo sonhar
Pó
Das estradas
Por onde ando para o alcançar
Pó
Material de que são feitos
Os meus sonhos
Desfeitos
Pó
Das estradas
Por onde fujo
Sobretudo de madrugada
Naquela altura
Em que as estrelas
Já não se conseguem ver
E assim eu ando
Até outro local
Onde elas continuem a brilhar
Pó
De sonhos
De tristezas
Sou feita do mesmo pó
Que me permite continuar
Até que deixem de existir mais estrelas
E mais estradas
Por onde andar…”
Transcrição de uma resposta
Dada a uma pergunta
Que fiz
A alguém
Por quem na mesma estrada de pó
Calhou me apaixonar
Alguém que desapareceu no exacto momento
Em que para ela
Comecei a Olhar…