Como loucos
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música...”
Friedrich Nietzsche
Explorámos todos os cantos da nossa excentricidade
Mas também por isso vimos
O lado negro da humanidade
Como loucos
Pilhámos um do outro
O que havia para pilhar
Deixando o que tínhamos
Para o vazio do roubado colmatar
Vivemos
Como entendíamos que a vida deveria ser vivida
Intensamente
Sem querer pensar
Onde essa velocidade
Nos poderia levar
E ela levou-nos bem longe
Muito mais do que poderíamos imaginar
Levou-nos aos confins
Do tudo
E aos abismos do nada
Levou-nos
Aquele ponto do espaço
Onde se diz
Qualquer ser enlouquecer
De onde regressámos os mesmos
Porque a loucura
Não era uma novidade para nós
Era algo habitual
Servia-nos de escudo
Contra as piores adversidades
Porque apesar de a virmos
Não nos deixámos tocar pela crueldade
Mas em excesso
Em vez de protecção
Ela pode-nos devorar
E foi por isso que parámos
Para logo depois nos separarmos
Porque a loucura só era doce
Só fazia sentido
Se estivesses a meu lado…