Entre o tudo e o nada

Ficámos

A meio da discussão

Perdendo-a

Porque preferíamos pólos

Diferentemente opostos

A dar a um ao outro

A sua parte da razão

Gostávamos de extremos

Ao ponto de neles nos termos viciado

Uma espécie de droga

Que nos inebriava

E nos impedia de ver

Que apesar de vivermos

De lutarmos

Com empenho

Fervor

E uma muito rara alma

Acabávamos

Por não termos ninguém a nosso lado

Extremos

Que nos impossibilitavam

O equilíbrio

Aquele

No qual se constrói tudo

Desde uma civilização

À mais pequena

Relação

Extremos

Que nas alegrias

Nos davam a falsa sensação

De para além destas

Nada mais poder existir

Extremos

Que nas tristezas

Nos feriam

Como mais nada pode ferir

Por isso

Na metáfora

E fora dela

Te perdi

Naquela

E em todas as madrugadas

Simplesmente porque só sabíamos viver

Entre o tudo e o nada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 11/11/2014
Código do texto: T5031648
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.