Entre o tudo e o nada
Ficámos
A meio da discussão
Perdendo-a
Porque preferíamos pólos
Diferentemente opostos
A dar a um ao outro
A sua parte da razão
Gostávamos de extremos
Ao ponto de neles nos termos viciado
Uma espécie de droga
Que nos inebriava
E nos impedia de ver
Que apesar de vivermos
De lutarmos
Com empenho
Fervor
E uma muito rara alma
Acabávamos
Por não termos ninguém a nosso lado
Extremos
Que nos impossibilitavam
O equilíbrio
Aquele
No qual se constrói tudo
Desde uma civilização
À mais pequena
Relação
Extremos
Que nas alegrias
Nos davam a falsa sensação
De para além destas
Nada mais poder existir
Extremos
Que nas tristezas
Nos feriam
Como mais nada pode ferir
Por isso
Na metáfora
E fora dela
Te perdi
Naquela
E em todas as madrugadas
Simplesmente porque só sabíamos viver
Entre o tudo e o nada…